
Depois de nadar fui almoçar com o Flávio - nadamos os dois ao meio dia na fórmula e de vez em quando temos um tempo a mais - e comentamos sobre isso e aí a conversa foi um pouco mais séria e começamos a pensar sobre os motivos de fazermos triathlon. Ele de cara me fala que aquelas fotos demonstram exatamente o sentimento dele naquele momento, pura felicidade por estar alí fazendo o que gosta, o resto é secundário. Conversamos um pouco mais sobre isso e como algumas pessoas levam a coisa com mais seriedade que outros e assim por diante.
A noite a Ana Hidalgo, uma ótima corredora que infelizmente teve uma lesão e agora está voltando, postou (existe este verbo? postar? é primo de deletar e printar?) um comentário sobre um estudo que afirma que comer alimentos de alto valor calórico e ricos em gordura podem causar vício assim como cocaína e heroína. Em tom de brincadeira um amigo dela falou que sentia pena pelo pastel de sábado e que uma pesquisa sobre maratonistas sugere o mesmo comportamento para atletas. Eu em tom de brincadeira disse que não tinha dúvida disso mas que preferia esse caminho, a Ana achou que eu tava falando atacando, mas não estava, sorry.
Mas isso me fez pensar, o assunto ficou o dia todo na minha cabeça e terminou com a coincidência desse estudo. Por isso resolvi escrever um pouco sobre o assunto, sem nenhuma pretensão científica, mas por observação e experiência própria.
Faço triathlon para cuidar da minha saúde. Não só física, mas mental também. O stress é um mal dos nossos tempos e segundo alguns estudos que li, a depressão deverá ser a doença mais comum na humanidade em pouco tempo, se já não for. O sentimento de largar dando risada é comum em muitos atletas. Não somos profissionais do esporte, apesar de muitas vezes termos ritmo de treino parecido com eles. Estamos lá por motivos diversos, cada um tem o seu, mas algo temos em comum, uma condição física superior a média da população e felicidade por poder fazer aquilo que gostamos.
Acredito que nossas decisões afetem uma série de eventos em cadeia. por exemplo: ser triatleta exige disciplina. Você tem ou não consegue. As vezes essa disciplina esta em você, mas é o triathlon que a põe para fora, sem ele isso não ocorreria. Essa disciplina começa a ser aplicada em todos os aspectos da sua vida e isso é bom, você se torna mais produtivo. A partir de um certo momento o atleta começa a sentir que se não cuidar melhor do seu corpo não vai evoluir, e aí começa também a dar preferência a equipamentos, locais de treino e principalmente a alimentação com mais qualidade. Essas coisas vão evoluindo e uma puxando a outra constantemente. Assim seu desempenho e qualidade de vida dão um pulo de qualitativo substancial. Mas há o lado ruim da coisa.
Como todo vício - vamos admitir que o esporte nesse nível tem características de vício - o esporte de endurance isola as pessoas do convívio social. Ficamos fechado a um pequeno grupo que fala sempre das mesmas coisas (e que sempre parecem interessantes, você tá lendo isso não tá?) frequentam os mesmos lugares e temos treinos muito longos sozinhos. Não gostamos de assistir televisão normalmente, não nos interessamos por BBB, novelas e afins e também não damos a mínima se você ganhou uma vaquinha rosa no farmville ou precisa de material de chantagem no Máfia wars (fala sério).
É preciso equilíbrio para não ter ressentimento com o esporte posteriormente. Alguns atletas levam a coisa tão a sério que as vezes cansam e vão exatamente para o outro lado da coisa. Levam a atividade física ao limite e acabam gerando mais stress ainda em suas vidas. Hoje não fui pedalar, tava chovendo. Cheguei a acordar, mas não fui. Minha cama era mais importante e ontem mesmo já havia decidido em não pedalar hoje cedo para poder sair para jantar e socializar um pouco (to aproveitando que tem uma prova longa esse fim de semana para descansar um pouco).
Resumo da coisa? Equilíbrio. Treinar bastante, trabalhar bastante, se divertir bastante e saber quando alguma coisa está em excesso. É fácil. Por que complicamos tanto a vida?
Fui... me equilibrando.... na corda bamba.
muito bom Marcos!!!
ResponderExcluirvamos lá ... o 'postar', é primo do printar, do 'baixar'e do 'bookar'- lembra?
acredito muito no vicio pelo esporte, vicio em endorfina ...
mas acho que fazemos isso tudo pelo momentos incríveis que o esporte proporciona.
http://www.youtube.com/watch?v=jNVPalNZD_I
bjo grande!
Paulinha
Excelente artigo...Parabéns!
ResponderExcluirMuito Bom o post Marcos. Gostei muito! Esses são os artigos que comentamos no facebook outro dia:
ResponderExcluirArtigo que a Ana Hidalgo estava falando: "Junk Food"
(http://www.scripps.edu/news/press/20100329.html)
E o artigo que eu comentei que leva em consideração os estudo de Hailey e Bailey (1982).
(http://www.cepebr.org/PDF/artigos/47.pdf)
abraços
Renato