A coisa começou assim: ontem o Flávio publicou duas fotos dele na largada do Troféu Brasil de Triathlon onde ele aparece dando risada na largada. Não deu muito tempo o Chris comentou que era por isso que ele não conseguia pódio, onde já se viu dar risada na largada. Logo em seguida eu comentei que era necessário cara de mau para intimidar a concorrência. Primeiro comentário: isso tudo foi brincadeira entre amigos.
Depois de nadar fui almoçar com o Flávio - nadamos os dois ao meio dia na fórmula e de vez em quando temos um tempo a mais - e comentamos sobre isso e aí a conversa foi um pouco mais séria e começamos a pensar sobre os motivos de fazermos triathlon. Ele de cara me fala que aquelas fotos demonstram exatamente o sentimento dele naquele momento, pura felicidade por estar alí fazendo o que gosta, o resto é secundário. Conversamos um pouco mais sobre isso e como algumas pessoas levam a coisa com mais seriedade que outros e assim por diante.
A noite a Ana Hidalgo, uma ótima corredora que infelizmente teve uma lesão e agora está voltando, postou (existe este verbo? postar? é primo de deletar e printar?) um comentário sobre um estudo que afirma que comer alimentos de alto valor calórico e ricos em gordura podem causar vício assim como cocaína e heroína. Em tom de brincadeira um amigo dela falou que sentia pena pelo pastel de sábado e que uma pesquisa sobre maratonistas sugere o mesmo comportamento para atletas. Eu em tom de brincadeira disse que não tinha dúvida disso mas que preferia esse caminho, a Ana achou que eu tava falando atacando, mas não estava, sorry.
Mas isso me fez pensar, o assunto ficou o dia todo na minha cabeça e terminou com a coincidência desse estudo. Por isso resolvi escrever um pouco sobre o assunto, sem nenhuma pretensão científica, mas por observação e experiência própria.
Faço triathlon para cuidar da minha saúde. Não só física, mas mental também. O stress é um mal dos nossos tempos e segundo alguns estudos que li, a depressão deverá ser a doença mais comum na humanidade em pouco tempo, se já não for. O sentimento de largar dando risada é comum em muitos atletas. Não somos profissionais do esporte, apesar de muitas vezes termos ritmo de treino parecido com eles. Estamos lá por motivos diversos, cada um tem o seu, mas algo temos em comum, uma condição física superior a média da população e felicidade por poder fazer aquilo que gostamos.
Acredito que nossas decisões afetem uma série de eventos em cadeia. por exemplo: ser triatleta exige disciplina. Você tem ou não consegue. As vezes essa disciplina esta em você, mas é o triathlon que a põe para fora, sem ele isso não ocorreria. Essa disciplina começa a ser aplicada em todos os aspectos da sua vida e isso é bom, você se torna mais produtivo. A partir de um certo momento o atleta começa a sentir que se não cuidar melhor do seu corpo não vai evoluir, e aí começa também a dar preferência a equipamentos, locais de treino e principalmente a alimentação com mais qualidade. Essas coisas vão evoluindo e uma puxando a outra constantemente. Assim seu desempenho e qualidade de vida dão um pulo de qualitativo substancial. Mas há o lado ruim da coisa.
Como todo vício - vamos admitir que o esporte nesse nível tem características de vício - o esporte de endurance isola as pessoas do convívio social. Ficamos fechado a um pequeno grupo que fala sempre das mesmas coisas (e que sempre parecem interessantes, você tá lendo isso não tá?) frequentam os mesmos lugares e temos treinos muito longos sozinhos. Não gostamos de assistir televisão normalmente, não nos interessamos por BBB, novelas e afins e também não damos a mínima se você ganhou uma vaquinha rosa no farmville ou precisa de material de chantagem no Máfia wars (fala sério).
É preciso equilíbrio para não ter ressentimento com o esporte posteriormente. Alguns atletas levam a coisa tão a sério que as vezes cansam e vão exatamente para o outro lado da coisa. Levam a atividade física ao limite e acabam gerando mais stress ainda em suas vidas. Hoje não fui pedalar, tava chovendo. Cheguei a acordar, mas não fui. Minha cama era mais importante e ontem mesmo já havia decidido em não pedalar hoje cedo para poder sair para jantar e socializar um pouco (to aproveitando que tem uma prova longa esse fim de semana para descansar um pouco).
Resumo da coisa? Equilíbrio. Treinar bastante, trabalhar bastante, se divertir bastante e saber quando alguma coisa está em excesso. É fácil. Por que complicamos tanto a vida?
Fui... me equilibrando.... na corda bamba.
muito bom Marcos!!!
ResponderExcluirvamos lá ... o 'postar', é primo do printar, do 'baixar'e do 'bookar'- lembra?
acredito muito no vicio pelo esporte, vicio em endorfina ...
mas acho que fazemos isso tudo pelo momentos incríveis que o esporte proporciona.
http://www.youtube.com/watch?v=jNVPalNZD_I
bjo grande!
Paulinha
Excelente artigo...Parabéns!
ResponderExcluirMuito Bom o post Marcos. Gostei muito! Esses são os artigos que comentamos no facebook outro dia:
ResponderExcluirArtigo que a Ana Hidalgo estava falando: "Junk Food"
(http://www.scripps.edu/news/press/20100329.html)
E o artigo que eu comentei que leva em consideração os estudo de Hailey e Bailey (1982).
(http://www.cepebr.org/PDF/artigos/47.pdf)
abraços
Renato