sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Câncer e atletas

Sempre tive em mente ao começar esse blog que deveria de alguma forma tentar inspirar as pessoas. Inspirar a ajudar o próximo envolvendo-se com a causa que defendemos. Inspirar mais pessoas a viver de maneira saudável. E principalmente inspirar os pacientes a ver as coisas de uma maneira mais positiva.

Estou tendo dificuldade com a terceira. Tenho receio de cair na terrível armadilha de parecer auto ajuda ou coisa pior. Quando isso acontece, ajuda muito ver o que outros fazem. Pouca coisa é original hoje em dia. O que faço aqui não é original. Mas não a originalidade que irá determinar o sucesso dessa ação, e sim a dedicação e persistência dedicadas a ela.

Olhando por essa ótica, vou usar novamente o ciclista Lance Armstrong como modelo inspirador de sobrevivência ao câncer e trabalho de conscientização e ajuda a pacientes. Em seu site, ou no youtube, é fácil encontrar um vídeo chamado "The LAF Manifesto" que para facilitar está nesse link .

Fiz uma tradução livre que está abaixo. É um vídeo forte de pouco mais de 5min que passa com clareza o posicionamento e trabalho da fundação que leva seu nome.

Bom fim de semana a todos

O Manifesto da Fundação Lance Armstrong

Nós acreditamos na vida.

Sua vida.

Nós acreditamos em viver cada minuto dela com toda a intensidade do seu ser.

E que você não deve deixar o cancer tomar controle dela.

Nós acreditamos na energia: canalizada e feroz.

Nós acreditamos em foco: aprender e viver forte.

União é força. Conhecimento é poder. Atitude é tudo.

Esta é a Fundação Lance Armstrong.

Nós entramos em cena no momento que você é diagnosticado.

Nós lhe ajudamos a aceitar as lágrimas. Realizar a raiva.

Nós acreditamos no seu direito de viver sem dor.

Nós acreditamos em informação. Não em pena.

E em conversa franca e aberta sobre o câncer.

Com maridos, esposas e parceiros. Com filhos, amigos e vizinhos. E as pessoas com quem você vive, trabalha, ri e chora.

Esta não é a hora de levar socos.

Você está na luta pela sua vida.

Nós lidamos com as coisas pesadas.

Como achar a coragem de pedir uma segunda opinião.

E uma terceira, ou a quarta, se isso for necessário.

Nós lidamos com o aprendizado sobre testes clínicos.

E se chegar a ser terminal, estar em controle de como sua vida termina.

è a sua vida. Você a terá da sua maneira.

Nós lidamos com as coisas práticas.

Planejamento para sobrevivência. Coletar esperma. Preservar sua fertilidade. Organizar suas finanças. Tratar com hospitais, especialistas, planos de saúde e empregadores.

É saber seu direitos.

É a sua vida.

Não deixe nada para trás.

Nós lidamos com a luta.

Nós somos seu campeão com os políticos. Seu advogado junto ao sistema de saúde. Seu patrocinador nos laboratórios de pesquisa.

E nós sabemos que a luta nunca termina.

O câncer pode viver no seu corpo, mas nunca viverá sua vida.

Esta é a Fundação Lance Armstrong.

Criada e inspirada por um dos mais fortes sobreviventes de câncer no planeta.

LIVESTRONG™

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Esporte ou stress?

Existe um limite nisso tudo. Testo o limite do meu corpo diariamente, nos treinos, tentando aumentar minha flexibilidade (como os dedos do pé insistem em ficar longe do alcance das minhas mãos), conciliando meus horários de treinos e compromissos profissionais, e mais um monte de coisas.

Minhas últimas semanas foram de pouco treino. Pouco, quando se está próximo de uma prova é diminuir a intensidade dos treinos e não a quantidade de treinos. Ou seja continuar fazendo os mesmo 12 treinos semanais mas num volume menor. Talvez matar um ou outro treino só por matar.

Prometi a mim mesmo quando comecei a treinar triathlon que não deixaria a vontade de competir me dominar. Já competi demais em outros esportes, mas não adianta, quero chegar na frente, não tem jeito. Mas para isso é necessário ter paciência, deixar a continuidade dos treinos seguir seu caminho. Isso faço bem. No começo me incomodava perder um treino porque estava com sono, mas percebi naturalmente que o treino perdido, ou adiado por esse motivo, não era exatamente perdido. O corpo precisa do treino, do descanso, da alimentação, e de tranquilidade.

Uma grande amiga me ensinou algo que passaram para ela a um tempo atrás e era mais ou menos assim: "prefiro chegar a uma prova não tão treinado como gostaria mas bem descansado a chegar super treinado e cansado". Achei o máximo. É o óbvio.

Quando nosso objetivo principal está longe, digamos uns três meses pra frente, é difícil perceber que as vezes é preciso dar uma pisada no freio. Lidar com as frustrações. Não perder a paciência porque aquela reunião durou mais que deveria, ou furou o pneu do carro, ou porque ninguém tava a fim de enfrentar a chuva e pedalar, ou simplesmente porque nosso planejamento não funcionou da maneira que esperávamos.

Triathlon é pra dar prazer. Vivemos numa corda bamba, nos equilibrando nessa insanidade que nos deixa mais vivos e saudáveis e flertando com o sentimento de frustração que pode nos fazer perder a noção do objetivo disso tudo, um corpo são e mente também.

Fui.... sem stress

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O ano começou finalmente! TPT 2010

Passada a euforia carnavalesca, finalmente as coisas voltam ao normal e o ano irá começar para a maioria dos brasileiros, inclusive para aqueles que praticam o triathlon. Mas não se engane, a maioria dos triatletas continuou treinando o verão inteiro e durante o carnaval também.

É interessante como as coisas funcionam no Brasil. Tenho um amigo italiano que é triatleta e mora em Curitiba e comentou outro dia que o calendário de triathlons na europa é muito carregado no verão, por razões óbvias e reparou que por aqui a coisa é diferente. Passamos o verão inteiro sem provas para voltar agora bem no fim de fevereiro. É no mínimo curioso.

De qualquer forma, dia 28 de fevereiro as coisas começam para nós triatletas amadores com o Triathlon Internacional de Santos TPT (triathlon pro tour) 2010. É uma super prova. Dura, difícil, muito quente. Com o calor que tem feito em São Paulo, vai ter de ter muita cabeça para terminar bem essa prova. Hidratação vai ser o ponto fundamental. A organização da prova está colocando 40% a mais de água que colocou o ano passado para se ter uma idéia. Adoro essa expectativa.

Começa então o ano para o projeto Triathlon por uma Causa. Como esta prova tem a distância olímpica, irei fazer uma doação de R$ 51,50 e estimulo cada um dos leitores e amigos a fazer o mesmo através do site:

Não esqueça de colocar no campo EMPRESA o texto TRIATHLON POR UMA CAUSA para que possamos identificar o volume de doações do projeto.

fui... me preparando pro calor de Santos

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Treinos no calor!

Nada científico, apenas pensamentos e dicas que li em alguns lugares, ouvi em outros e senti na pele na maioria das vezes.

Domingo resolvi fazer meu treino longo de corrida as 11:30 da manhã. Como na sexta, dia que normalmente faria esse treino não tive tempo, ficou pro domingão mesmo. Aproveitei para, nas minhas palavras, correr treinando para o Triathlon Internacional de Santos. A coisa é mais ou menos assim: a prova vai ser no dia 28 de fevereiro, deve estar um calorão por lá, o ano passado estava, nada melhor então que treinar no calor para se adaptar ao calor. É uma questão de lógica e não tá muito longe da verdade.

O problema é que fiz 16km naquele calor, num ritmo de 5:30min/km, com muita, mas muita subida. O GPS marcou 273m de variação de elevação.... é coisa. Antes do Long Distance de Pirassununga fui pedalar na Dom Pedro as 10:30h. 90km naquele calor, seguido de uma corridinha de 6km para soltar. A Thelma tava junto e sabe o que foi esse treino. Mas funcionou, me deu a segurança que precisava. Algumas coisas que aprendi então:

1. Hidratação - sei, vc já ouviu isso quinhentas e cinquenta e quatro vezes essa semana. Você acha que se hidrata bem? Então tome mais um litro de água. Fácil assim. Só não esqueça que perdemos mais que água, você deve também repor sais, açucar, etc... tem um monte de produto pronto pra isso. Eu costumo beber gatorade misturado com água. meio a meio. Na bike tenho uma caramanhola com esse mix de gatorade e outra com água pura ou endurox, depende do treino do dia. Em treinos curtos só água.

2. Corra na sombra sempre que possível - é obvio? mas não esqueça. Faz toda diferença correr no ibirapuera ou no vila lobos.

3. Roupas claras e frescas. Boné e óculos escuros. Eu prefiro a viseira que refresca mais os piolhos evitando reclamações que a sauna tá quente na cobertura, mas o boné dá pra colocar gelo dentro, funciona bem. Sem óculos não corro. Tenho muita intolerância a luz. Outro motivo para o óculos é que os olhos passam muito como estamos nos sentindo, não quero meus adversários vendo que estou cansado. Faço cara de paisagem e posso estar sofrendo como louco, mas ninguém percebe.

4. Procure correr em um ritmo mais lento que o normal e se achar que não dá pra aguentar, não dê mole, pare mesmo. No domingo depois da corrida fui para a piscina e fiquei durante uns vinte minutos parado dentro d'água esperando o corpo resfriar (calma, tomei uma ducha antes de entrar na água). É difícil baixar a temperatura do corpo no calor, então se você descuidar só um pouco já era. Hidratação de novo.

5. Fique atento ao corpo e aos sinais que ele manda. Você vai suar mais, seus pés podem formar bolhas com mais facilidade, lembrou do protetor solar? Treinar no calor não é fácil, se der, leve um outro maluco junto com você. Pelo menos você vai ter uma testemunha da insanidade que cometeu.

6. Aproveite o treino. Não precisa ser sofrimento. É treino, é pra condicionar o corpo numa situação mais rigorosa. Aproveite, afinal é pra isso que treinamos, de risada da situação, brinque de jogar suor longe, torça a camisa de vez em quando pra ver a quantidade de água que sai - já falei pra hidratar bem? Olhe para os seus vizinhos e suas barrigas de cerveja. Eles vão estar olhando de volta achando que você é louco.

7. A melhor de todas: Leve dinheiro e no meio ou no fim do treino compre um picolé de frutas. eu gosto de limão ou uva. Sem preço, vale cada passada.

fui..... boa semana a todos

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Desafio 12 horas - segunda parte - organização

Muito tem se falado desde sábado sobre a organização das 12 horas do rodoanel. Vou dar minha opinião também. Mas vou fazer isso de maneira geral, comparando as organizações das provas que participei nos últimos meses.

A primeira coisa que me chama atenção em uma prova, quando se trata de organização, é o regulamento. Sou daqueles que lê todo o regulamento antes de decidir se vou participar. Acredito que prova bem organizada não é aquela que tem um monte de pessoas para tirar suas dúvidas quando necessário. Isso é bom, mas melhor ainda é não precisar perguntar nada pra ninguém. Quando não preciso da organização é porque foi bem organizado. Essa prova não teve nada disso.

Quando decidimos fazer as 12 horas combinamos de nos inscrevermos bem próximo da data limite pois queríamos ter certeza que a prova iria acontecer. Várias informações conflitantes estavam no site. O percurso seria de 20km plano. Em outra parte do site justificava-se o vácuo liberado pelo percurso seletivo em que as subidas dariam conta de separar os pelotões.... vai entender. Só para constar o percurso tinha 26km e não era plano. Era obrigatório o uso de faróis na bicicleta. Vi vários atletas pedalando sem faróis ou com lâmpadas ridículas que não iluminavam nada. Na minha opinião deveria ser verificado a cada saída de um atleta as condições dos equipamentos de segurança.

Não vou questionar se a prova deveria ou não ser realizada durante o dia. Eu sabia que era noturna e aceitei isso quando fiz a inscrição, fazia parte do desafio. Mas a segurança nesse caso deveria ser prioritária - não foi. Alguns pontos eram bem perigosos. A menos de 2km da largada havia um estreitamento da pista que dava a chance de no máximo passar dois ciclistas por vez. Para completar, o asfalto nesse trecho estava mole, o que dava uma grande sensação de insegurança ao passar. No primeiro momento você achava que o pneu tinha furado. Acontece que nesse mesmo local a pista do outro lado também ficava estreita, então você tinha ciclistas passado a poucos centímetros de cones e uns dos outros em direções opostas. Em outro local, a faixa de asfalto mole deveria ter uns dez metros, parecia que você estava pedalando na areia da praia. Só que se eu cair na areia da praia tudo bem, ali não eu estava rápido e no asfalto. Em pouco tempo começaram a surgir sulcos no asfalto e aí a coisa ficou perigosa mesmo. Tinha uma entrada de ponte mal sinalizada que estava muito perigoso também.

Tiveram também as coisas ridículas. No regulamento não havia nada sobre o procedimento de revezamento, portanto ninguém sabia como seria. O briefing da prova foi durante cinco minutos antes da largada. Na primeira troca de ciclistas foi tudo confuso. Toda vez que precisei de informações tive respostas ambíguas e muitas vezes conflitantes.

Alguém viu uma enfermaria na prova? eu não. Já precisei por duas vezes de atendimento no Troféu Brasil em Santos. Na primeira eu simplesmente tive um superaquecimento. O pessoal viu na hora quando cruzei a linha. Me pegaram calmamente e me levaram a enfermaria. Cinco minutos de água gelada na cabeça e já estava bem, com médico o tempo todo ao meu lado. Na segunda vez foi quando bati meu dedo do pé e novamente fui super bem atendido.

Mas também não gosto muito de choradeira. Se você não aguenta o tranco não vá. Ciclismo tem seus riscos, e ninguém é feito de açúcar. Existem riscos no esporte. Existe também a negligência da organização. Acho portanto que a prova era perigosa pela natureza dela e se tornou ainda mais pela negligência da organização. Não recomendo.

Alguns exemplos:

Ironman 70.3 Penha - Impecável. Todas as informações estão no site. Desde a programação, local, horários, inscrições, etc. Não precisei perguntar nada a ninguém. A entrega do kit é rápida, bike check in perfeito, entrega das sacolas também.

Troféu Brasil e Triathlon Internacional- Mais uma organização impecável. Não há dúvidas e o regulamento é bem claro. Calendário sai com grande antecedência, há possibilidade de inscrição pro campeonato inteiro com desconto. Muitos questionam a ausência dos chips. A mim não incomoda.

Long Distance Pirassununga - Começam os problemas. Pegar o kit é demorado pois tem três filas apenas e nenhuma informação de qual delas você deve pegar. Aí você tem que perguntar e as meninas não eram nem um pouco simpáticas. A prova é ótima e o local maravilhoso, mas o que eram aqueles caixotes em cima das tartarugas? Extremamente perigoso. Quem fez aquilo nunca pedalou na vida.

Corrida de natal da corpore - excelente, perfeita. Orientação para estacionar, pegar kit, lanches, banheiros em boa quantidade, guarda volumes, sensacional.

Ainda existem aqueles ítens acessórios que todos nós gostamos. Camisetas, medalhas, troféus, frutas na chegada, etc. Não vou também discutir se uma camiseta ou medalha é mais bonito que outro, é inútil. Gosto é gosto. Mas isso também conta.

Para finalizar acho que podemos fazer apenas aquilo que está em nossas mãos. Se tiver dúvida sobre a organização da prova, não participe. A organizadora do evento pisou na bola? Não participe mais de provas desse organizador. Simples assim. Long distance no rodoanel? To fora, nem pensar.

Fui... pensando no meu calendário do ano