O que posso dizer dessa prova? Pra mim foi perfeito. Não só pelo resultado, mas também por tudo que aconteceu por lá.
Em primeiro lugar é um privilégio ter saúde e celebrá-la dessa maneira. Tenho tentado explicar isso as pessoas constantemente. No triathlon aparentemente testamos nossos limites o tempo todo, mas não é assim. Muito mais que isso, condicionamos nossos corpos para que os limites sejam alcançados com segurança e que nossa margem de trabalho seja maior. Quando estou numa prova, não quero testar até onde vou, mas ir de maneira consciente até a linha de chegada e apresentar o melhor resultado possível dentro das condições do momento. É exatamente o inverso, celebramos nossa condição física de maneira positiva e responsável. Se não for assim você não dura nesse esporte.
O fim de semana começou indo buscar o Alcy (meu irmão) no Guarujá. Ele estava desde quinta por lá em um congresso de ortopedia. Fomos para Santos e lá fizemos o que deve ser feito na véspera de uma prova: comer e descansar.
O domingo não poderia ter começado melhor. Lua cheia antes de nascer o sol, e um céu totalmente limpo. Foi assim o dia inteiro, não vi uma nuvem. A prova estava perfeita. Assisti a largada e saída da natação do short e depois fiz uma rotina pré prova muito parecida com o que fazia antes de regatas importantes.
1 - Isolamento total - alonguei com calma a beira d'água e fui nadar até a primeira bóia sozinho. O mar estava gostoso, um pouco frio, mas totalmente liso.
2 - Já tinha planejado a prova inteira e segui esse planejamento. Algumas coisas que pra mim fazem diferença.
3 - Natação - Largar na primeira fila, ir pro lado que escolhi na natação e fazer força até a primeira bóia. É fundamental chegar bem colocado na primeira bóia. Com isso consegui ficar com o primeiro grupo da natação. Normalmente são os caras que nadam mais que eu, mas que dá pra acompanhar se estiver na esteira deles. Parcial da natação 22 minutos
4 - Ciclismo - um erro comum que cometo é sair muito rápido no ciclismo e cansar as pernas antes da hora. Coloquei na cabeça que só faria força a partir da Av.Portuária. Até lá iria recuperar meu fôlego, tomar um gel e começar a hidratar. Funcionou. Meu pedal foi muito bom. O tempo todo sozinho, não peguei nenhuma roda (todos já sabem minha opinião e não preciso repetir, mas vai lá, se as regras dizem sem vácuo, é sem vácuo) e só vi um grupo na minha roda quando fiz um retorno, aí acelerei e eles sobraram. No final da segunda volta me senti um pouco cansado e reduzi um pouco o ritmo para chegar bem a transição. Parcial do ciclismo 1:07h incluindo as duas transições
5 - Corrida - aí não tem erro. Se o ciclismo é meu pior esporte a corrida é o melhor. Saí forte e fiz as duas voltas de 5k para pouco mais de 20 minutos cada, totalizando 41 na corrida. Foi bacana. Segui sempre no mesmo ritmo e até brinquei com o Alcy depois da prova. ele comentou que eu estava forte no final da primeira volta e falei que só acelerava ali pra fazer bonito. Ele mandou um "imaginei isso", mas na verdade não era. Fiz a corrida muito bem. Sempre no mesmo ritmo. Só apertei no último km, afinal.... era o último km e quando percebi que dava pra fazer 2:11h corri literalmente atrás desse tempo. Queria ter feito abaixo de 40 a corrida, mas não dava, estou voltando de um período complicado de treinos e não quero forçar antes da hora. O foco é todo no Ironman 70.3 em Penha no fim de agosto.
Parabéns aos amigos que fizeram ótimas provas:
Short
Alcy Vilas Bôas - 1:14h super tempo pra quem acabou de voltar a treinar
Marcos Pereira - 1:10h vai detonar em Penha
Eduardo Peselli - 1:21h voltando depois de um tombo de bike
Wellington Aragão - 1:14h também voltando depois de tombo de bike
Omar Ramirez - 1:32h único Argentino que permitimos no pelotão
Victor Cutait - 1:20 tá melhorando
Olímpico
Carlos Ohde - 2:10h ano que vem vai estar na minha categoria, ops...
Daniel Blois - 2:15h começou a treinar com a MPR agora, seja bem vindo
William Raposo 2:20h nosso representante baladeiro do interior
Resumo de tudo? Onde mais no mundo podemos pegar o carro em pleno inverno, dirigir pouco mais de uma hora e chegar numa praia e fazer uma prova de triathlon super bem organizada com temperatura por volta dos vinte graus? Alguns vão dizer que não tem chip, ou outras coisas, mas e daí? Já fiz provas com chip que os resultados sairam absurdos e demoraram mais que esse. Aconteceu comigo em Pirassununga e Caiobá. Se prefiro chips? É lógico, muito mais cômodo. Se acho que o troféu brasil por sua importância deveria ter chip? Claro que sim. Mas não é isso que vai estragar uma prova como a que tivemos nesse fim de semana. Quem esteve lá sabe do que estou falando. Os sorrisos no rosto de todos ao final eram a prova mais eloquente que foi um dia perfeito.
E além de tudo ganhei a etapa na Elite amador 40-44 anos e tomei a dianteira no campeonato.
A foto é de um Sesc Triathlon Caiobá de 2004, só pra matar a saudade.
Fui... ainda pensando no fim de semana perfeito.